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Criminosos dão golpes em pacientes de hospitais no Piauí após dados pessoais vazarem

quarta-feira, 31 de maio de 2017
O golpe é antigo, continua fazendo muitas vítimas e o surgimento de novos casos nos últimos dias acendeu um sinal alerta no setor hospitalar do Piauí. Os dados dos pacientes dos hospitais particulares e públicos estão sendo vazados para organizações criminosas que ligam para as famílias e agem como verdadeiros estelionatários.

O caso mais recente aconteceu com um paciente do Hospital São Pedro, que realizou uma cirurgia simples e teve alta no mesmo dia. No dia seguinte, quando já se recuperava em casa, a sua mãe recebeu uma ligação dizendo que ele estava com suspeita de leucemia e que precisava realizar uma bateria de exames urgentes, que era feita por uma empresa terceirizada e era necessário um depósito de R$ 1.750.

A ligação foi feita para o WhatsApp e a mulher ficou muito nervosa, mas percebeu que se tratava de um golpe porque o homem disse que seu filho só não teve alta por causa desse problema, mas ele já estava em casa.

O homem tinha um sotaque de outro estado, se identificou como Dr. Daniel e era muito convincente, mas falava algumas palavras erradas como ‘prano’ e ‘crínica’ [plano e clínica], que levou a mulher desligar o telefone.

Foto falsa usada no WhatsApp e DDD de Teresina

O homem que fez a cirurgia ficou muito constrangido com a situação e encaminhou a reportagem as informações do golpe. De posse do telefone, um repórter entrou com contato se passando por um irmão do paciente e o suposto Dr. Daniel repetiu toda a história.

"São exames de sangue, sete baterias de exames computadorizados, com imagem 3D, uma tomografia e a medicação que é apricada no sangue dele", disse o homem ao explicar os exames, dizendo que se o pagamento fosse feito à vista sairia por R$ 1.330.



"Isso fica a critério da família, tem que ser feito para que ele não venha a ser portador do câncer de sangue", diz o homem. "O senhor vai fazer a autorização do procedimento? É de fundamental, eu creio, a saúde dele, mas não tem risco de vida não", completa.

O homem diz ainda que o dinheiro será ressarcido pelo plano e passou uma conta para depósito da Caixa Econômica Federal, no nome do Dr. Antônio de Arruda. O repórter informou que tinha apenas R$ 800, o estelionatário disse que ele poderia depositar o que tinha e parcelaria o valor em duas vezes.

A conta que ele passou é de uma agência do Centro de Rondonópolis (MT) e a reportagem confirmou que a conta pertence a Antônio de Arruda, mas os únicos registros que há desta pessoa no município é da sua prisão em uma operação que desarticulou uma quadrilha que roubava motos e de roubo de gado em fazendas, mas ainda não se sabe se é a mesma pessoa, ou alguém que está tendo sua conta usada indevidamente.

Conta onde dinheiro dos golpes é depositado

Agência no Mato Grosso onde conta foi aberta
Após a primeira ligação, o repórter entrou em contato novamente se identificando como jornalista. O homem disse que não sabia de nada, mas depois assumiu que aplicava os golpes e que só naquela semana já havia ‘lucrado’ mais de R$ 6 mil só com pacientes do Hospital São Pedro, fora de outros. Debochado e pouco preocupado, afirmou que vários ‘idiotas’ caiam nos golpes porque saúde é uma coisa que não se brinca. Pelo barulho da ligação, era possível perceber que outras pessoas também faziam ligações parecidas.

A reportagem entrou em contato com a assessoria do Hospital São Pedro que informou ter ciência do caso, mas disse que esse tipo de golpe está acontecendo em outros hospitais de Teresina, como o Hospital de Urgência de Teresina, Hospital Universitários, além dos particulares e que já comunicou a polícia sobre os casos.

HACKERS ESTARIAM INVADINDO SISTEMAS
A suspeita até o momento é que hackers estão invadindo os sistemas dos hospitais e repassando as informações aos criminosos. Vários casos semelhantes foram registrados em quase todos os estados do Brasil, com milhares de vítimas. O diretor-presidente do Grupo Med Imagem, José Cerqueira Dantas, informou que o grupo está tomando medidas para coibir as invasões aos sistemas e que tem orientados os pacientes e familiares sobre os golpes e que os hospitais não fazem esse tipo de cobrança por telefone.

Fonte: www.180graus.com