Últimas

AO VIVO | APOIE

Ao menos dez estados têm atos pró-Bolsonaro e a favor do voto impresso

domingo, 1 de agosto de 2021

Em live transmitida para protesto em Brasília, presidente voltou a ameaçar que sem voto impresso não pode haver eleições em 2022


Em meio a manifestações a favor do governo, o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) voltou a ameaçar a eleição de 2022 caso não haja o voto impresso. A fala do mandatário foi transmitida ao vivo para o ato que acontecia em Brasília. Ao menos dez estados tiveram manifestações pelo voto impresso nesta manhã. À tarde estão previstos protestos em São Paulo e demais cidades do país.

Durante a tarde, em um discurso transmitido para os participantes da manifestação em Brasília, Bolsonaro repetiu ameaça de que a eleição do próximo ano pode não ser realizada caso a proposta de voto impresso não seja aprovada. Bolsonaro falou por telefone e sua mensagem foi veiculada pelo carro de som que acompanha o protesto na Esplanada dos Ministérios.

— Sem eleições limpas e democráticas não haverá eleições — disse, acrescentando: — Juntos nós faremos que tiver que ser necessário para que haja contagem pública de votos e tenhamos eleições democráticas

O presidente disse que o seu “último alerta” será convocar uma manifestação em São Paulo em defesa do voto impresso. De acordo com ele, a vontade desse manifestação será cumprida em Brasília.

— Esse desejo de vocês será cumprido aqui em Brasília.

No Twitter, Bolsonaro anunciou que além de Brasília falou por telefone para manifestantes em Belo Horizonte e Rio de Janeiro. E prometeu repetir o gesto no ato de São Paulo agora à tarde. "Pela contagem pública dos votos e possibilidade real de sua auditoria", escreveu o presidente.

Bolsonaro também criticou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, dizendo que eles ele é contra a transparência nas eleições.

— A maioria da Câmara, pelo que eu sei, é favorável ao voto impresso. Mas uma minoria foi escolhida (para a comissão especial) depois de uma reunião com o Barroso. Um ministro que deveria ser o primeiro a estar do lado da transparência das eleições, está exatamente do outro lado.

Bolsonaro vem questionando, sem provas, a lisura do processo eleitoral brasileiro. O presidente e seus aliados alegam que voto atualmente não é auditável e pode ser alvo de fraudes. No entanto, desde a implementação da urna eletrônica, não há provas de fraudes nas eleições brasileiras. Tais declarações também são rebatidas por especialistas eleitorais ouvidos pelo GLOBO. Quando o eleitor dá seu voto na urna eletrônica, ele passa por uma certificação digital em um sistema avaliado publicamente antes mesmo da votação.

Manifestações

Até o momento foram registradas manifestações em dez estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Alagoas, Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará e Roraima.

Na capital federal, o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, demitido em meio a pressões do Congresso, participa do ato, que também conta com a presença da deputada federal Bia Kicis (PSL-DF), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e autora da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que tramita na Câmara para a impressão de um comprovante do voto nas eleições. A pauta defendida pelo por Bolsonaro.

Muito celebrado pelos presentes, que fizeram fila para tirar foto, o ex-chanceler afirmou que a pauta é "fundamental" e que a presença da população nas ruas é necessária para convencer o Congresso a aprovar a PEC do voto impresso.

— Pauta absolutamente fundamental. Acho que o povo tem que confiar na integridade do voto. Não tem porque não proporcionar o povo essa confiança na integridade do voto. Claro que é necessária a presença na rua — disse Araújo, em conversa com a imprensa durante o protesto.

Em maio, em uma série de publicações no Twitter, o ex-ministro afirmou que o governo virou uma "administração tecnocrática sem alma nem ideal".

Em Brasília, a manifestação deste domingo é realizada na Esplanada dos Ministérios. Já no Rio, o ato acontece no posto 5 da praia de Copacabana, Zona Sul da cidade, e tem a presença do deputado bolsonarista Helio Lopes (PSL-RJ). A Policia Militar, a Guarda Municipal e agentes da CET-Rio estão no local. Na capital fluminense, os manifestantes ocuparam a orla da praia de Copacabana e chegaram a interditar a Rua Miguel Lemos na altura da Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Em BH, a manifestação é feita na Praça da Liberdade.

Kicis afirmou que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não receberam "voto de ninguém" e não podem decidir como será a apuração de votos.

— Respeita o povo, ministro do Supremo e do TSE. Não recebeu voto de ninguém. Não tem que decidir como vai ser a apuração — discursou.

Os assessores da Presidência Max Guilherme Machado e Mosart Aragão também participam do protesto na capital federal.

A concentração para o protesto começou às 9h, em frente do Museu Nacional da República. Pouco antes de 11h, os manifestantes começaram a andar em direção ao Congresso. As duas vias da Esplanada dos Ministérios foram fechadas.

Em frente à Catedral de Brasília, a Polícia Militar fez um cordão para revistar mochilas e bolsas. Apesar do mesmo procedimento ter sido adotado em protestos recentes contra o governo, organizadores reclamaram. Também houve reclamação pelo fato de grades terem sido colocadas em frente ao gramado que leva ao Congresso, medida que também foi tomada em atos da oposição.

A maioria das faixas pede “voto impresso auditável” e “contagem pública de votos”. Também há críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Uma faixa pedia intervenção militar, mas organizadores pediram que fosse retirada.

No estado do Rio, também houve manifestação em Niterói, na praia de Icaraí. Já em São Paulo, o ato aconteceu de manhã na cidade de Campinas. A manifestação na capital paulista está prevista para acontecer à tarde. O mesmo acontece em demais cidades do país.

Nas redes, a hashtag #BrasilPeloVotoAuditavel foi um dos assuntos mais comentados no Twitter. G1