O número de vagas de trabalho com carteira assinada criadas em 2020 foi 46,82% inferior ao anunciado em janeiro, com muita comemoração, pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e toda a equipe econômica.
A atualização, fruto das revisões apresentadas pelo Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), derruba de 142.690 para 75.883 o saldo de vagas formais abertas ao longo dos 12 meses do ano passado.
A diferença é resultado de um número 2,2% maior de demissões (de 15,023 milhões para 15,361 milhões) e apenas 1,8% superior de admissões (de 15.023.531 para 15.361.234) após a inclusão das revisões nos cálculos oficiais.
“A grande notícia para nós é que, em um ano terrível em que o PIB caiu 4,5%, nós criamos 142 mil novos empregos”, comemorou Paulo Guedes ao divulgar os dados do Caged, no dia 28 de janeiro. Ele atribuiu o resultado positivo ao BEm (Benefício Emergencial para Preservação do Emprego e da Renda), criado para limitar as demissões durante a pandemia do novo coronavírus.
A maior discrepância registrada entre os dados divulgados e atualizados, de 177,2%, foi apurada no mês de junho. No período, foi comunicado que o Brasil havia cortado 10.984 postos formais de trabalho, mas, na verdade, a perda foi ainda maior, de 30.448 vagas.
Em termos absolutos, a principal diferença foi contabilizada no mês de abril, quando ocorreram 963.703 demissões a mais do que contratações com carteira assinada, número que traz 103.200 mais perdas em relação aos 860.503 cortes inicialmente anunciados.
Algumas das revisões também resultaram em volumes mais significativos de contratações, como o ocorrido em janeiro e fevereiro, os dois últimos meses sem o impacto da pandemia do novo coronavírus na economia. Os novos resultados são, respectivamente, 76,4% (de 66.818 para 117.893 postos formais) e 19,5% (de 188.869 para 225.648 vagas) maiores do que os inicialmente anunciados.
Em nota enviada ao R7, o Ministério do Trabalho e Previdência, pasta agora responsável pela divulgação dos dados do Caged, afirma que as diferenças levam em conta as declarações feitas pelas empresas fora do prazo. O processo pode reduzir ainda mais o saldo final de empregos criados no ano passado.
"Os dados do painel consideram as declarações feitas fora do prazo. Elas são incorporadas às estatísticas até 12 meses após a movimentação acontecer. Assim, até dezembro de 2021 podem ser incorporados dados que vão impactar o saldo de 2020", destaca o comunicado.