Petrolão: Nestor Cerveró é condenado a 5 anos de prisão por lavagem
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da
Operação Lava Jato na 1ª instância, condenou nesta terça-feira(26/05) o ex-diretor da
Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró a cinco anos de prisão, em
regime fechado, pelo crime de lavagem de dinheiro. O ex-dirigente da estatal
também foi penalizado a pagar multa de cerca de 108.000 reais.
Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público,
Cerveró tentou esconder que utilizou recursos ilícitos na compra de um
apartamento avaliado em 7,5 milhões de reais, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A
negociata para a aquisição do imóvel foi revelada pela revista VEJA.
Entre os processos a que responde por participação no
escândalo do petrolão, o Ministério Público Federal acusou Cerveró de utilizar
o cargo na estatal para favorecer contratações de empreiteiras e, em troca,
receber propina. Segundo a denúncia, o lobista Fernando Soares, conhecido como
Fernando Baiano, atuava como operador financeiro da Diretoria Internacional da
Petrobras e recolhia propina tanto para Cerveró quanto para políticos ligados
ao PMDB. Na parceria com o ex-diretor da petroleira, Baiano, com o aval de
Cerveró, enviava a propina para contas no exterior em nome de empresasoffshores
situadas no Uruguai e na Suíça.
A movimentação financeira incluía ainda o retorno de parte
dos recursos ao Brasil por meio da simulação de investimentos diretos na
empresa brasileira Jolmey do Brasil Administradora de Bens Ltda - na verdade
uma filial da offshore uruguaia Jolmey. As duas empresas eram de propriedade de
Cerveró, mas eram administradas por laranjas. Em setembro do ano passado, VEJA
revelou que o dúplex de 7,5 milhões de reais - e que virou a principal prova,
neste processo, de que o ex-dirigente lavava dinheiro - pertencia, na verdade,
à Jolmey.
Ao longo da Operação Lava Jato, a Polícia Federal reuniu
provas de que Cerveró era o verdadeiro dono da offshore Jolmey e de que
movimentou milhões de reais para comprar e reformar o seu apartamento na Zona
Sul do Rio de Janeiro. Em depoimento aos investigadores, o advogado Marcelo
Mello confirmou a negociata e disse que foi procurado há sete anos por Cerveró
e por Algorta para montar uma subsidiária brasileira da Jolmey Sociedad
Anonima.
Desde o início das investigações, Cerveró negava qualquer participação
na criação da offshore. Em alegações finais apresentadas ao juiz Sérgio Moro, o
advogado Edson Ribeiro, responsável pela defesa do ex-diretor, ainda defendia a
legalidade da aquisição do apartamento de luxo.
Para o Ministério Público, porém, Cerveró sempre utilizou o
apartamento como mecanismo de lavagem de dinheiro do petrolão. O imóvel de
cobertura no bairro de Ipanema foi adquirido pela Jolmey do Brasil por cerca de
1,5 milhão de reais, reformado por 700.000 reais e ficticiamente alugado ao
ex-diretor da Petrobras por apenas 3.650 reais, valor cinco vezes menor que os
preços de mercado.
Na sentença desta terça-feira em que condena o ex-diretor da
Petrobras, o juiz federal Sérgio Moro, que já havia determinado o sequestro do
apartamento, afirma que, depois da alienação, o imóvel deverá ser vendido e os
recursos da transação deverão ser repassados à Petrobras.
Fonte: Veja Online
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