Desigualdade: Justiça é que decide quem vai para a UTI em hospital público no Piauí

O programa Fantástico, da Rede Globo, denunciou a imensa desigualdade da distribuição dos leitos de UTI no país e destacou a situação que ocorre no Piauí, onde há uma espécie de ‘loteria’ para escolha de pacientes.

Segundo a reportagem, há 55 mil leitos para 204 milhões de habitantes. O problema é o desequilíbrio na distribuição: 77% dos municípios brasileiros não têm nenhum leito, enquanto as regiões metropolitanas concentram 74% das vagas para tratamento intensivo (SUS e particulares).

Há desequilíbrio também na oferta de vagas entre os setores público e privado. O SUS conta com 2,5 leitos para cada 10 mil habitantes, enquanto no sistema particular este número é de 6 para cada 10 mil habitantes.

No caso do Piauí, a reportagem mostrou a denúncia feita pelo médico Cleriston Silva Moura. Segundo ele, quem escolhe quem vai para um leito de UTI no Hospital de Urgência de Teresina (HUT) é a Justiça.

A reportagem do Fantástico entrevistou o juiz da 1º Vara Deoclécio Sousa, que estava de plantão, e o titular da Vara, Aderson Nogueira. “Alegam que não tem UTI, que não tem remédio… esse refrão é antigo e ninguém toma providência nenhuma”, argumentou Aderson.

O caso da maternidade Evangelina Rosa, onde bebês recém nascidos com problemas de saúde são levados para uma UTI improvisada, também foi mostrado na matéria. Para a promotora de Justiça Cláudia Seabra “o acesso à uma UTI no Piauí e em todo o Brasil é mesmo uma verdadeira loteria. “Há um grande distanciamento entre as leis que regem a saúde pública vivida no Brasil e a realidade dura que passa a população que bate a porta de um hospital público”, afirmou Seabra.

Fonte: O Olho